domingo, 24 de maio de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Oração pelo Poema - Alberto da Cunha Melo (trecho)

A cem quilômetros por hora,
solto a direção do automóvel,
para escrever alguma coisa
mais urgente que minha vida.

Ó meu Deus, eu quero escrever
a minha vida, não teu Céu.
Eu estou só e enlouquecido
Como as ovelhas mais longíquas.

Dá pelo menos a esperança
de terminar o doloroso
poema. Dá isso a teu filho,
caído, e coberto de sal.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Soneto do Desmantelo Azul - Carlos Pena Filho.

A Samuel Mac Dowell Filho

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

domingo, 17 de maio de 2009

A Solidão e sua Porta - Carlos Pena Filho

A Francisco Brennand

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"SENTIMENTO DO RECIFE" - Gilmar Serra

Eu vi aquela cidade aos pouquinhos
Primeiro a ilha de rios
Depois a do porto
Doce e salgada de mar

Tive pesadelos d'água
Vi / vi o Recife submerso
E a tragédia em poesia das pontes
Eu vi o Recife em meu sangue
E tive febres para compreendê-lo também
Aos poucos foi me surpreendendo a metrópole
O azul-verde dos mangues sob luzes urbana
Todos os contrastes que respiram contrastes
Que aqui proliferam ferozes

Eu fui vi / vendo os seus bairros
Até chegar aos rochedos
Que inspiraram o seu nome
À sua entrada no mar
Eu vejo hoje os contornos
Esses e outros
Das ilhas, do comércio, dos ritmos
Holanda, Nordeste, Olinda...

E sinto sempre uma espécie de vertigem
Uma espécie de remorso (?)
Uma espécie de orgulho
Uma espécie de "Recife" !

terça-feira, 12 de maio de 2009

Meu jardim está completamente esgulepado!
Não restou seguer uma pétala de rosa...
O tufão do pecado devastou tudo...
Eu já entreguei a minha carteira de trabalho
de crente pra que o Pai desse baixa,
não exigi nem o FGTS,
o preço que eu pagarei já é muito alto;
tenho consciência disso;
é nada mais nada menos o que eu tenho
de mais precioso aqui na terra:
a minha alma.
É com ela que eu passarei a eternidade...
Não posso me queixar, eu tentei,
eu tentei, eu tentei, eu tentei...
Mas não aguento mais carregar estas culpas!
Viva Nietsch!
Viva o corpo livre!!!
O espírito não vive independente do corpo!
O corpo livre fortalece o espírito
para vôos mais altaneiros!!!
Como diria Gil:
Não há o que perdoar,
por isso mesmo
há que haver
mais compaixão!
Eu só sei que eu amo,
eu amo, eu amo...
Eu amo a vida, as pessoas, as possibilidades,
os vôos impensáveis, a águia que despenca
da cordilheira...
A condição humana,
o menino Jesus descrito por Drummond...
Eu quero esse Jesus pra mim,
não esse que a igreja me vende,
cheio de "não pode".
Eu quero brincar na grama novamente,
comer azeitona preta,
ficar com a língua roxa, e depois jogar
bola de gude
e empinar papagaio...
Eu quero o vento soprando na minha face, cara...
Eu não quero ter eira nem beira,
eu não tenho limites,
nunca tive,
nunca os terei...
Eu não posso me enganar mais,
tenho que ser verdadeiro comigo mesmo...
A única força que me move
na vida
é o belo e o prazer...
Chega de castrações,
CHEGA!!!
A partir de hoje,
eu quero que a família
se transforme...
(como diria Maiakovski)
E o Pai
seja pelo menos
o Universo...
E a mãe,
a mãe seja no mínimo
a Terra,
a Terra...

sábado, 9 de maio de 2009

Eu nunca guardei rebanhos,
mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
conhece o sol e o vento,
e anda pela mão das estações;
a seguir e a olhar...
Toda a paz da natureza sem gente
vem sentar-se ao meu lado,
mas eu fico triste como um por do sol
para a nossa imaginação,
quando esfria no fundo da planície
e se sente a noite entrada
como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego,
porque é natural e justa;
e é o que deve estar na alma,
quando já pensa que existe,
e as mãos colhem flores,
sem ela dar por isto.
Como um barulho de chocalhos
para além da curva da estrada,
os meus pensamentos são contentes;
só tenho pena de saber
que são contentes, porque se não o soubesse,
ao invés de serem contentes e tristes,
seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar a chuva,
quando o vento bate mais forte
e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos,
ser poeta não é uma ambição minha;
é a minha maneira de
estar sozinho...

Fernando Pessoa
"O Guardador de Rebanhos"
Alberto Caeiro(heterônimo)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

DESIDERATA.

Siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível, sem humilhar-se,
mantenha-se em bons termos com todas as pessoas.
Fale a sua verdade, mansa e claramente e ouça a dos
outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes,
pois eles tem a sua própria história.
Evite as pessoas escandalosas e agressivas,
elas afligem o nosso espírito.

Se você se comparar com os outros, você se tornará
presunçoso e magoado, pois haverá sempre alguém
superior e inferior a você!
Você é filho do Universo,
irmão das estrelas e árvores.
Você merece estar aqui!

E mesmo se você não pode perceber, a terra e o
Universo vão cumprindo o seu destino!
Desfrute as suas realizações, bem como os
seus planos. Mantenha-se interessado em sua
carreira, ainda que humilde, pois ela é um ganho
real na fortuna cambiante do tempo.

Tenha cautela nos negócios, pois o mundo está
cheio de astúcia, mas não se torne um cético,
porque a virtude existirá sempre.
Muita gente luta por altos ideais e em toda parte
a vida está cheia de heroísmo.

Seja você mesmo.
Principalmente não simule afeição, nem seja
descrente no amor, porque mesmo diante de tanta
aridez e desencantos ele é tão perene
quanto a relva.

Aceite com carinho o conselho dos mais velhos
e seja compreensivo aos arroubos inovadores da
juventude.
Alimente a força do Espírito que o protejerá no
infortúnio inesperado, mas não se desespere com
perigos imaginários.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.
E a despeito da disciplina rigorosa seja gentil para
consigo mesmo!
Portanto esteja em paz com Deus como quer
que você o conceba.

E quaisquer que seja os seus trabalhos e aspirações
na fatigante confusão da vida,
mantenha-se em paz com sua própria alma.

Apesar de todas as falsidades, fadiga e desencantos,
o mundo ainda é bonito.

Seja prudente, faça tudo para ser feliz.

Antiga inscrição datada de 1864,
descoberta numa igreja
de Baltimore - EUA.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Hermann Hesse - Prece Matinal.

Infinito Deus de misericórdia e sabedoria,
mais um dia diante de mim.

Apresento-te as minhas preces para agradecer o
descanso desta noite e a claridade desta nova manhã,
e o retorno da consciência, em virtude das oportunidades
que me são oferecidas para prosseguir no grande trabalho
e na Missão de minha vida.

Que todos os momentos desta jornada sejam iluminados
com uma disposição fundamental de buscar-te.

Que os meus essenciais deveres e obrigações desta
existência sejam realizados com amor e atenção;
dá-me forças para não considerá-los como doloroso
fardo, mas que eles me sirvam como o alimento oportuno
para conseguir as forças redentoras desta passagem
pelo mundo material.

Dá-me um sorriso acolhedor e um coração aberto
para com todos os seres vivos, e que os necessitados
partilhem comigo aquilo que desfruto.

Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além
daquele que há em sua própria alma.

Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade,
o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível
o seu próprio mundo, e isso é tudo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Trecho do novo livro.

















02/04/09 - 23 h 44 - Tá bom!

Vou deixar regarregando, amanhã vou dar a carga toda!

Bateria de celular, bateria de celular, por que tu não foi
feita pra nunca se acabar???

Eu tenho um bocado de amigo(a) doido(a), acho que eu
sou doido também...Por isso quando vou dormir deixo
sempre o celular desligado.

Estou sempre a beira de uma catástrofe, o perigo mora
ao lado. Por que é que eu vim morar tão perto do
Garagem? É uma tentação a essa hora da noite...

Eu acho que no meu caso eu tenho que ser radical, só
daria jeito pra matar essa maldita dessa carne um
jejum de 40 dias e 40 noites!

É que eu sei que se eu orar passa, mas às vezes não dá
vontade de orar, às vezes eu quero é cair na gandaia!

PRONTO! Tô quase indo pro Garagem...

PQP! Eu não posso ficar me segurando o tempo todo!!!

QUE É QUE EU FAÇO MEU DEUS????

Acho que eu vou...

Fui.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Canção Antiga - Sérgio Leandro.

A canção antiga que não veio
Nas horas tristes da tarde
Adormeceu em teus olhos

A canção antiga que amei
Será inquieta, entregue ao vento,
Uma bandeira a tremular na noite

Um dia, para além de qualquer porto ou pátria,
Para além de todos os muros, grades
E fronteiras, os povos cantarão um só hino.

A canção que tarda
Arderá outra vez
Nos braços da alvorada...

E não será saudade
Porque nossas mãos e as falanges cansadas do crepúsculo
Tecerão unidas outras manhãs.

04/02/2009.

Canção para Lisboa - Sérgio Leandro

Há um mundo de águas e seres abissais
entre meu coração e Lisboa.
Mas eu sei que nos confins do dia
uma fogueira arde contra o frio e minha pátria espera.

Minha canção também é feita de silêncio
e o meu tumulto se derrama nas horas vazias da noite...

Eu invoco as palavras sagradas
e ergo ao vento o meu estandarte
porque nos confins do dia
uma fogueira arde contra o frio e minha pátria espera.

Os Óculos - Melchiades Montenegro Filho

Sobre o frio verde granito
os óculos pousados estão.
Belas imagens, uma vida, um dia
com certeza pela lente fria
o transpassaram em solidão.

Sonhos e talvez mudo grito
antes dos olhos passaram por ti.
Mas nunca tivestes medo.
Onde está? Qual teu destino?
Tu não possuis o segredo.

A luz dos teus cristais
Não foi o teu tino
aos olhares sonhadores,
malévolos, de amores,
doridos, sinceros ou banais.
Que nada marcou em ti.

Março de 2009.
(a bordo do navio Costa Mediterrânea)

domingo, 3 de maio de 2009

Sob a Luz do Círio de Jesus de Nazaré!

Amai os vossos inimigos,
orai pelos que vos perseguem
e pagai o mal com o bem
eram simplesmente para mim
instruções que Jesus
nos deixou, mas que eram
muito difíceis de seguir.
Era para mim letra,
mas depois do 7º Cursilho da
Igreja Episcopal (Paróquia
da Reconciliação),
essas palavras tornaram-se Rhema,
ou seja, ação,
vida no meu coração!
E eu vi que para uma vida cristã vitoriosa,
não em termos materiais,
mas espirituais,
esses principios são fundamentais;
quando os cumprimos
ficamos muito mais leves, livramo-nos
de um pesado fardo!
A letra mata, mas o Espírito vivifica!