segunda-feira, 6 de dezembro de 2010



A poesia entrou na minha vida
Como se fosse o mel silvestre
Escorrendo
Do tronco da árvore morta
No chão.
A poesia entrou na minha vida
Como se fosse um furacão
Arrasando tudo
Sem pedir licença...
A poesia entrou na minha vida
Como se fosse
O Sol
Descortinando
A madrugada.
Carlos Maia
07/10/10

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


Bolha de sabão é que nem silêncio:
a gente pode dizer que não existe.
É uma das coisas mais bonitas do mundo:
colorida de todas as cores do arco-íris,
toda redonda, voando livre, leve e alto.
João disse (sem falar) pro menino:
a vida da gente pode ser uma bolha de sabão
(...)
Se a gente aprende a ser colorido,
a voar livre, leve e alto até explodir bonito,
sem muito barulho,
deixando no ar uma gotinha de saudade.

Luiz Raul Machado
(In João Teimoso) 

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Alguns poemas de Mário Quintana.


Nos solenes banquetes

Nos solenes banquetes de próceres internacionais
- em especial sobre desarmamentos -
O aparte mais espontâneo
é o riso de prata de uma colherinha
Que por acaso tombou no chão!


(In Velório sem defunto, 1990)


Os psicanalistas, como o caso deles me preocupa.
Eles próprios sofrem de um dos mais terríveis complexos do mundo,
Que é o complexo dos complexos.
Ah, se a gente pudesse ter uma simples e amistosa conversa com eles,
Sem que descubram coisas por trás!
E se, por acaso,
Tombar um ovo choco no chão,
Por que hei de ser um maníaco homicida,
Um fabricante de anjinhos?!
Por que não vão eles inquirir sobre isso o próprio Acaso,
Que não sabe de nada...

 (In Velório sem defunto, 1990)


O nome e as coisas

Para que estragar a simples existência das coisas com nomes
arbitrários?
Um gato não sabe que se chama gato
E Deus não sabe que se chama Deus
("Eu sou quem sou" - diz Ele no livro do Gênesis)
Eu sonho é com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como deve ser a linguagem das plantas e dos animais!
Só de adjetivos, sem explicação alguma,
Mas com muito mais poesia...
 

(In Velório sem defunto, 1990)

III. Do Estilo

Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

(In Espelho Mágico, 1945)


O espectador

Olhar a televisão
Sem prestar atenção,
Ver apenas figuras a moverem-se na tela
E só assim talvez terei alguma compreensão
Da nossa vida e do sentido dela...

(In Velório sem defunto, 1990)

Como defender uma civilização que somente o é de nome, 
já que representam o culto da brutalidade 
que existe em nós,  o culto da matéria.

Mahatma Gandhi

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Áporo - Carlos Drummond de Andrade.


Um inseto cava

cava sem alarme

perfurando a terra

sem achar escape.

Que fazer, exausto,

em país bloqueado,

enlace de noite

raiz e minério?

Eis que o labirinto

(oh razão, mistério)

presto se desata:

em verde, sozinha,

antieuclidiana,

uma orquídea forma-se.

Prece - Maria Esther Maciel.

 
Dê-me o esquecimento, meu pai.
Dê-me uma noite sem sombra
ou sobressalto, um sono inteiro
um instante sem rumor.
Dê-me teu silêncio, meu pai.
A solidez das pedras, o rigor das coisas
a solidão sem dor.

Aula de Desenho - Maria Esther Maciel.

 
Estou lá onde me invento e me faço:
De giz é meu traço. De aço, o papel.

Esboço uma face a régua e compasso:

É falsa. Desfaço o que fiz. 

Retraço o retrato. Evoco o abstrato

Faço da sombra  minha raiz.

Farta de mim, afasto-me

e constato: na arte ou na vida, 

em carne, osso, lápis ou giz

onde estou não é sempre

e o que sou é por um triz.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sopra um vento em Pequim.
Árvores altíssimas respiram pássaros.
Entre eles é fácil ouvir o que sobra
do movimento dessa luz.
O vento me ergue pelos braços, me leva à copa
da mais alta árvore.
Agarrado aos galhos não sinto medo de nada.
Daqui de cima posso ver
que a esquina sopra com o vento.

E assim igual o vento,
passa minha vida,
entre a pedra e a flor.

Fernando Karl
In Esquina,China e Outros Poemas
Ontem eu fiz um poema
que foi até o âmago da questão
de por que o amor briga,
desse nosso egocentrismo
a toda prova,
das noites de insônia
e pavor
por não ter um sentido
pra vida,
de ficar olhando
o caos
horas a fio
e não ver mais sentido
numa flor de lótus
que brota da lama
do que o vazio obscuro
e ilimitado.
Eu ontem fiz um poema
que desatava o grande
nó da existência humana
e tudo parecia fazer sentido...
Mas por não ter caneta
e papel na hora,
ele se perdeu no espaço

Carlos Maia
28/09/10

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Torne-se mais poético - Elisabeth Cavalcante.


Um poeta vem a conhecer certas coisas que são reveladas somente em um relacionamento poético com a realidade.

No que se refere à esperteza mundana, o poeta é um tolo. Ele nunca se desenvolverá no mundo da riqueza e do poder. Mas, em sua pobreza, ele conhece um tipo diferente de riqueza na vida que ninguém mais conhece.

O amor é possível a um poeta, Deus é possível a um poeta. Somente aquele que é inocente o bastante para desfrutar pequenas coisas da vida pode entender que Deus existe, porque Deus existe nas pequenas coisas da vida: ele existe no alimento que você ingere, na caminhada que você faz pela manhã, no amor que você tem por seu amado ou por sua amada, na amizade que você tem com alguém.

…. Torne-se mais e mais poético. É necessário ter coragem para ser poético; você precisa ser corajoso o bastante para ser chamado de tolo pelo mundo, mas somente então poderá ser poético.

E para ser poético, não quero dizer que você precisa escrever poesia. Escrever poesia é apenas uma parte pequena e não essencial de ser poético. Uma pessoa pode ser poeta e jamais escrever uma única linha de poesia, e uma outra pode escrever milhares de poemas e ainda não ser um poeta.

Fonte: http://dudabrama.wordpress.com/

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Este é o Prólogo - Frederico Garcia Lorca


Deixaria neste livro
toda a minha alma.
este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que pena dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam !

Que tristeza tão funda
é olhar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta !

Ver passar os espectros
de vida que se apagam,
ver o homem desnudo
em Pégaso sem asas,

ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se olham e se abraçam.

Um livro de poesias
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
- entranháveis distâncias.

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza
que explica sua grandeza
por meio de palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chamas.

Sabe que as veredas
são todas impossíveis,
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristes
e eternas caravanas

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia é amargura,
mel celeste que emana
de um favo invisível
que as almas fabricam.

Poesia é o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
corações e chamas.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca.

Livros doces de versos
sãos os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
suas estrofes de prata.

Oh ! que penas tão fundas
e nunca remediadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam !

Deixaria neste livro
toda a minha alma...

(Tradução: William Agel de Melo)

A Dança - Pablo Neruda


Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


Aqui te amo.
Nos obscuros pinheiros o vento desenlaça.
A lua fosforesce sobre as águas errantes.
Dias iguais se perseguem.
A névoa se desenha em figuras dançantes.
Uma gaivota de prata se descola do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
Às vezes amanheço, e até minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Este é um porto.
Aqui te amo.
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou te amando ainda entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nestes barcos graves,
que correm pelo mar até aonde não chegam.
Já me creio esquecido como essas velhas âncoras.
São mais tristes os molhes quando a tarde atraca.
Minha vida se afadiga faminta inutilmente.
Amo o que não tenho. Tu estás tão distante.
Meu fastio faz força com os lentos crepúsculos.
Mas a noite chega e canta para mim.
A lua faz girar sua roda de sonho.
Me olham com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar teu nome com suas folhas de cobre.

Pablo Neruda

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sê - Pablo Neruda


Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Por não estarem distraídos - Clarice Lispector


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

sábado, 11 de setembro de 2010

Procura da Poesia - Carlos Drummond de Andrade


Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A primeira vez que entendi - Affonso Romano de Sant'Anna


A primeira vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou se mexendo.

De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.

A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.

De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Poema Espiritual - Murilo Mendes.


Eu me sinto um fragmento de Deus

Como sou um resto de raiz

Um pouco de água dos mares

O braço desgarrado de uma constelação.

A matéria pensa por ordem de Deus,

Transforma-se e evolui por ordem de Deus.

A matéria variada e bela

É uma das formas visíveis do invisível.

Cristo, dos filhos do homem és o perfeito.

Na Igreja há pernas, seios, ventres e cabelos

Em toda a parte, até nos altares.

Há grandes forças de matéria na terra no mar e no ar

Que se entrelaçam e se casam reproduzindo

Mil versões dos pensamentos divinos.

A matéria é forte e absoluta, sem ela não há poesia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010


"Minha força está na solidão.
Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem de grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite..."

Clarice Lispector

terça-feira, 24 de agosto de 2010



Ainda é noite?
Perguntou Friedrich Nietsch
a Jesus Cristo.
Não, o dia já vem raiando
E estamos vivendo os últimos
sessenta segundos.
E as cinzas da história se derramaram
sobre toda a humanidade.
O bem e o mal
Luz e trevas
Graça e desgraça
Vida e morte
Tudo e nada
Obediência e desobediência
Deus e o diabo
Lados opostos
da mesma moeda...

Carlos Maia
16/08/10

sexta-feira, 30 de julho de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A linguagem da arte - Eduardo Galeano

Pintura: Van Gogh.


Chinolope vendia jornais e engraxava sapatos
em Havana. Para deixar de ser pobre,
foi-se embora para
Nova York.

Lá, alguém deu de presente a ele uma máquina
de fotografia. Chinolope nunca tinha segurado uma
câmera nas mãos, mas disseram a ele que
era fácil:
- Você olha por aqui e aperta ali.
E ele começou a andar pelas ruas. Tinha andado
pouco quando escutou tiros e se meteu num
barbeiro e levantou a câmera e olhou
por aqui e apertou ali.

Na barbearia tinham baleado o gângster Joe Anas-
tasia, que estava fazendo a barba, e aquela
foi a primeira foto profissional de Chinolope.
Pagaram uma fortuna por ela.
A foto era uma façanha.
Chinolope tinha conseguido
fotografar
a morte.

A morte estava ali: não no morto, nem no mata-
dor. A morte estava na cara do barbeiro
que a viu.

(Extraído do: "O livro dos Abraços")

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Senhor, peço humildemente permissão...






Senhor!
Eu, Carlos Maia Assunção, Divorciado,
Ex-Corretor de Imóveis,
Ex-Comerciante,
Ex-Urbanitário,
Ex-Bancário,
portador de transtorno bipolar,
pecador,
alcóolatra em recuperação,
lutando com
TODAS AS MINHAS
FORÇAS,
venho humildemente
pedir permissão
para entrar
no
Santo dos Santos!

Louvado sejas por toda
a eternidade
por tudo que criastes!
Louvado sejas pela dor!
Louvado sejas pela alegria!
Louvado sejas pelo paladar,
olfato, audição, visão,
TATO!
Louvado sejas
principalmente pelo
TATO!
É exatamente isso que a humanidade
perdeu e precisa urgentemente
recuperar!
O TATO!
Perdoa-me por algum excesso,
mas é que eu estou em estado hipomaníaco
e pretendo com todas as minhas forças
passar toda esta noite acordado
tomando café
e
escrevendo no blog!!!


Faze de mim o sentinela de teus longes,
faze de mim o ouvidor do rochedo;
dá-me que os olhos meus eu arregale
por sobre a solitude de teus mares;
deixa-me ser o leito de teus rios,
infenso ao grito de qualquer das margens,
bem longe, para além do som das noites!
Dança-me por tuas vazias terras
pelas quais os mais largos ventos passam
e onde claustros, como muros enormes,
encerram tantas vidas não vividas.
Lá ficarei eu entre os peregrinos,
das vozes e das atitudes deles
isolado não mais por mentira nenhuma
e atrás de idosos cegos
seguindo a senda que nenhum conhece

Rainer Maria Rilke

terça-feira, 27 de julho de 2010


"Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura.
Esses, sim, são os bons.
Eu só escrevo para fazer afagos.
E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços.
E estreitar distâncias.
Encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez).
Uns escrevem grandes obras.
Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas."

Rita Apoena


Procura-se um amigo sozinho
de andar discreto e gesto silencioso.
Procura-se desesperadamente um amigo
que saiba se aproximar de um passarinho.

Rita Apoena
Fonte: http://interludioemflor.blogspot.com/


Não tenho cadernos.
Tudo o que escrevo
escrevo nas paredes do meu quarto.
Se é para estar presa
que seja entre quatro poemas...

Rita Apoena




Discurso de um soldado americano, (vejam antes que o vídeo seja banido da net.)

O soldado apareceu morto 2 dias depois do discurso.
A autópsia revelou ter sido um ataque cardíaco.
Depois de um discurso destes, é difícil acreditar em ataque cardíaco... a menos que tenha sido provocado!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ganhei Coragem - Rubem Alves


Ganhei coragem

“Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece“, observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, ledor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora quando a coragem chega: “Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos“. Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre que me calei: “O povo unido jamais será vencido“: é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o “povo“ tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo... Não sei se foi bom negócio: o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de televisão que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse, na montanha, para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os 10 mandamentos. E há estória do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante a amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou... Passado muito tempo Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos... E que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: “Agora você será minha para sempre...“ Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus. Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta. Mas sabia que ela não era confiável. O povo sempre preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhes contavam mentiras. As mentiras são doces. A verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos o circo era os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro O homem moral e a sociedade imoral observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis“ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da Sadia. E a democracia se faz com os votos do povo... Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia - são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo. Outra coisa são as práticas de engano pelas quais o povo é seduzido. O povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham. Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus Cristo foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a Revolução Cultural na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O mais famoso dos automóveis foi criado pelo governo alemão para o povo: o Volkswagen. Volk, em alemão, quer dizer “povo“...

O povo unido jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos... Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio, não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol (tive a desgraça de viajar por duas vezes, de avião, com um time de futebol...). Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno“, à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: “Caminhando e cantando e seguindo a canção...“ Isso é tarefa para os artistas e educadores: O povo que amo não é uma realidade. É uma esperança.

(Folha de S. Paulo, 05/05/2002)
Fonte: http://www.rubemalves.com.br/ganheicoragem.htm

Sim e Não - Laura Riding


Através de um continente imaginário
Por não poder ser mais descoberto agora
Sobre este planeta totalmente apreendido
Sem considerar mais candidatos.
Ai de mim!

Um bicho izoológico andava,
Sem fado, sem fato,
Sua história pessoal intacta
Contra a paródia
De uma anatomia.

Nem visível nem invisível,
Removido pela noite sem dia,
Já terá fugido de sua terra
E da fantasia até a luz,
Até o espaço para repor
Seu falecer inescrevível?

Ah, os minutos piscam e despiscam,
Fechados e abertos vão e vem,
Um por um, nenhum por nenhum,
O que sabemos, o que não sabemos.

(Trad. Rodrigo Garcia Lopes)
Fonte: http://www.culturapara.art.br/opoema/laurariding/laurariding.html

Quase - Laura Riding


Obscuridade quase expressa
Que nunca foi ainda mas sempre
Era para ser a próxima e a próxima
Quando o lapso do ontem no amanhã
Devia ser arrumado pelo menos até já,
Pelo menos até já, até ontem ─
Caos quase reconquistado
No qual a verdade, como se uma vez mais,
Ainda não tivesse caído ou se erguido ─
O que há de novo? Qual é?
Você que nunca foi ainda
Ou eu que nunca sou até?

(Trad. Rodrigo Garcia Lopes)

Quero-Quero - Rubem Alves


“O senhor vai me entender. Tenho filhos e estou a procura de uma escola que seja boa para eles...”

Com essas palavras a jovem senhora se explicou ao senhor à sua frente, assentado numa poltrona, atrás de uma escrivaninha. Era o diretor da escola. Ele sorriu, levantou-se e fez um gesto com a mão... E foi assim que se iniciou a visita. Ele, diretor antigo, caminhava à frente, explicando as coisas da escola, da educação, da vida. Ele sabia sobre o que estava falando. Ela, jovem, mãe e dona de casa, ia seguindo, observando, ouvindo. Ele mostrava com orgulho as salas de aula, os laboratórios, as quadras esportivas, a biblioteca... Terminada a visita, de volta ao gabinete do diretor, a conversa aproximou-se do desfecho. O diretor estava confiante. Era difícil para uma mãe, uma simples dona de casa, resistir à autoridade e clareza dos seus argumentos. Foi então que a mãe tomou a iniciativa:

“Como eu lhe disse, estou à procura de uma escola que seja boa para os meus filhos. E há algumas coisas a mais que gostaria de saber. Eu queria saber se essa escola é rigorosa, se ela aperta os seus alunos...” O diretor a tranqüilizou. “Quanto a isso a senhora pode estar descansada. Orientamos nossos professores no sentido de apertar ao máximo os alunos. A senhora compreende: vivemos num mundo competitivo, o vestibular está à espera e somente os mais aptos sobreviverão...” A mãe continuou: “Há uma outra coisa que me preocupa. Os alunos frequentam a escola por um período apenas, ou manhã, ou tarde. Sobra um tempo vazio... E eu desejo saber se a escola planeja esse tempo também, se é prática da escola dar tarefas para serem realizadas em casa, tarefas que encham esse tempo...” “Mas é claro. O nosso planejamento pedagógico se orienta no sentido de fazer com que os alunos estejam o tempo todo ocupados com as coisas da escola. No mundo em que vivemos não podemos nos dar ao luxo de tempo ocioso... O vestibular é cruel!” E, com um sorriso, acrescentou: “Eu sempre digo aos alunos, brincando: ‘Enquanto você está vadiando há um japonês estudando...’” A jovem mãe se levantou e, sorrindo, se explicou: “O senhor sabe... Como lhe disse, estou à procura de uma escola que seja boa para os meus filhos. A coisa que mais desejo para meus filhos é que eles sejam felizes. Portanto, uma escola boa para os meus filhos terá de ser uma escola em que eles se sintam felizes. Terá de ser uma escola em que eles aprenderão que aprender dá prazer. Uma escola em que os livros sejam um motivo de felicidade e não uma obrigação. Mas o senhor me disse que seus professores são orientados no sentido de ‘apertar’ as crianças. Agora, tomando por mim, eu não me sentiria feliz se vivesse sendo ‘apertada’. Aperto dá stress... Além do que, eu acho que é importante que as crianças tenham tempo livre para fazer o que quiserem: brincar, construir coisas, excursionar, fazer as infinitas coisas que não estão previstas nos programas escolares... Eu tenho medo de que, se meus filhos viessem a frequentar a sua escola, eles iriam associar aprendizagem com sofrimento e acabariam por ter raiva de aprender...” E ainda sorrindo, despediu-se do diretor e saiu rumo a uma outra escola...

Literatura se faz com uma mistura de realidade e fantasia. Isso que relatei é literatura: não foi exatamente assim que aconteceu. Mas aconteceu! Essa mãe peregrinou de escola em escola à procura da escola na qual os seus filhos se sentiriam felizes. Depois de muito procurar, achou. Quem quiser saber os detalhes é fácil. É só procurar a Eliana França Leme.

Quem é ela? Eu acho que as vocações não podem ser aprendidas. Só podem ser despertadas. Ninguém aprende a ser poeta. Ninguém aprende a ser compositor. Ninguém aprende a ser psicanalista. As vocações nascem com a pessoa, como sementes. Claro. Há os cursos, os saberes. Mas os cursos e saberes são apenas a terra onde a dita semente pode germinar. Penso o mesmo dos educadores. Não há escolas onde se produzam educadores. Os educadores nascem educadores. É o caso da Eliana.

O que faz um educador é o amor pelas crianças; e o amor pelas crianças que teimam em viver mesmo naqueles que já cresceram. O amor é esperto: ele sempre acha um jeito de chegar até o lugar onde mora o objeto amado. Pois não foi isso que fez a Rapunzel? Ela, presa na torre. O seu amor, lá em baixo, longe... Aí o seu desejo do abraço fez seus cabelos crescerem, crescerem muito, até chegar ao chão. E os seus cabelos se transformaram, então, numa escada pela qual o seu Príncipe subiu até ela. Um psicanalista imaginoso diria logo: cabelos são fios que saem da cabeça. Ora, os fios que nascem da cabeça são os pensamentos. O amor faz nascer os pensamentos que levam até o objeto amado. É assim que acontece com os verdadeiros educadores: eles descobrem um jeito de chegar até as crianças.

Pois foi o que a Eliana fez. Seus filhos cresceram e bateram asas. Mas ela continuou a amar as crianças. E da combinação de amor pelas crianças e inteligência cresceram, na cabeça dela, os fios que construíram o projeto educacional: “Quero-quero”. “Quero-quero” é o nome de um pássaro de pernas compridas (Vanellus chilensis lampronotus êta nome difícil!). Pode ser encontrado andando pelos campos. O nome está dizendo: quero, quero. Querer é desejar. Todos somos movidos pelo desejo. As crianças aprendem movidas pelo desejo. Essa é a intuição fundamental da Eliana: ela percebeu que a alma das crianças é habitada por sonhos, o maior deles sendo o desejo de ser amado e de construir o seu próprio futuro. Pedagogia do Desejo: é desse “quero-quero” que todos repetimos que brota o desejo de conhecer.

E foi assim que ela e um grupo de amigos e voluntários começaram a construir um espaço para as crianças que vivem na pobreza e nas margens da sociedade. Ela descreve o seu projeto com a palavra “maternagem”. Quem usa a mesma palavra é o mestre Roland Barthes, dirigindo-se aos eruditos intelectuais franceses que assistiram, perplexos, à sua aula inaugural como professor do Collège de France. Ele sabia que mesmo os marmanjos que se assentariam nas suas classes não passavam de crianças. E ele descreve o seu projeto de maternagem como um espaço em que “as idas e vindas de uma criança que brinca em torno da mãe, dela se afasta e depois volta, para trazer-lhe uma pedrinha, um fiozinho de lã, desenhando assim ao redor de um centro calmo toda uma área de jogo, no interior da qual a pedrinha ou a lã importam finalmente menos do que o dom cheio de zelo que deles se faz.”

É a criança que dá o programa. É ela que pega a pedrinha e o fiozinho de lã. A pedrinha e o fiozinho de lã são expressões do seu “quero-quero”. O centro calmo, a mãe, sorri e brinca. O seu sorriso diz à criança que ela pode ir, vir, explorar, se interessar pelo que quiser. Não se trata de um projeto para transformar as crianças em profissionais. As crianças vão para lá no período em que estão fora da escola. Para quê? Para serem elas mesmas. Para saber que elas não são objetos passivos que devem aprender aquilo que os adultos, mais fortes, lhes impõem: aquela pedagogia que a mãe chamada Paulo Freire chamou de “pedagogia bancária”: as crianças como cofres onde os adultos depositam seus capitais de saber, a fim de poder sacar, no futuro...

A ciência, frequentemente, produz conclusões equivocadas. Piaget, analisando o desenvolvimento do aparato cognitivo das crianças, percebeu que ele passa por fases. Da mesma forma como uma planta passa por fases. Não se pode esperar que uma planta dê frutos quando ela ainda não está madura para isso. Essa constatação, que é científica, produziu uma conclusão pedagógica estranha: se as capacidades de aprender das crianças passam por fases, então as crianças devem ser agrupadas segundo a fase em que se encontram. Assim, o ambiente de aprendizagem de uma criança de 5 anos deve ser distinto e separado do ambiente de aprendizagem de uma criança de 9. As crianças aprendem, separadas em pequenos currais... Mas quando observamos um jardim Piaget, ao pensar sobre a aprendizagem, levou muito a sério o ambiente vital vemos que não é assim que a vida acontece: plantas, nas mais diversas fases de crescimento, convivem no mesmo espaço: árvores imensas ao lado de sementes recém brotadas, arbustos florescendo ao lado de plantas que perderam as folhas. É assim que é a vida. É nessa diversidade que se encontra a beleza do jardim. Jardim não é canteiro de mudas... Parte da aprendizagem, talvez a parte mais rica da experiência humana, é a convivência na diversidade: crianças, nas mais diversas fases de desenvolvimento cognitivo, habitando um mesmo espaço, aprendendo num mesmo espaço, ajudando-se umas às outras. Jardim... Inviável? É a falta de compreensão dessa dimensão humana que cria os mecanismos de segregação: as escolas se transformam em canteiros de mudas, todas iguais, separados por fase de crescimento. E se, no meio das mudas iguais aparece uma planta diferente, o jardineiro a arranca e a joga no lixo... Não seria bonito e verdadeiro se as escolas, ao invés de se parecerem com linhas de montagem, se parecessem com jardins? Se você quiser saber mais sobre o projeto “Quero-quero”, faça uma visita. Ele funciona no “Parque Ecológico”, numa das casas antigas, ao lado do Lago das Ninféias. Ou você pode falar diretamente com a Eliana: telefone 32552581, à tarde.

(Correio Popular, 08/09/2002)

Fonte: http://www.rubemalves.com.br/queroquero.htm