sábado, 5 de maio de 2007

















Ele foi aonde

Eu não pude alcançar...

E escutou sons inefáveis,

Visões de anjos

E querubins...

Ele foi muito longe,

Meu bebê...

Flecha lançada do

Meu coração

Minha vida

Minha luz

Voa...

Voa alto Luquinha,

Voa sem medo...

Que um dia

Eu quero

Poder te acompanhar...


Carlos Maia

Junho/93.
















Havia noites em que

A porta ficava aberta,

E podíamos vislumbrar

Na penumbra

A cidade mergulhada na neblina.

Havia noites em que

A porta aberta

Saíamos na chuva

Pelas ladeiras de Olinda.

Havia noites

Em que a tristeza

Era uma mera

Lembrança,

Perdida

Nos confins da infância,

Entre mangueiras

E atiradeiras.

Havia noites

Em que pairava

Como uma gaivota

A eternidade do momento.


Carlos Maia

Maio/84

Dorme, Biel
Dorme teu sono
Puro e inocente.
Podes fazer xixi na cama,
Eu não me importo.
Eu fiz até os 10 anos.
O que tu necessitas
Eu vou passar a te dar,
Com toda a força do meu ser!
Tua vida é uma chama
Que arde no meu peito.
Brilha contente, meu filho,
Brilha alto!
Vamos conversar mais,
Falar do que você quer aprender
E gosta de fazer.
Tu és muito sensível,
E minha ligação contigo
É muito forte.
O teu grito ao nascer,
Dilacerou minha alma.
Foi a alegria e emoção
Mais forte que eu senti
Na minha vida.
Teu grito naquela manhã
De domingo.
Teu grito
Atravessou
Meu coração,
E o partiu no meio.
Meu filho,
Meu sangue,
Minha estrela,
Minha Luz.
Te amo muito.

Carlos Maia.
Julho/92

A Francisco Espinhara.






















A vida vencerá, Chico,
Tantas vezes
Desejando a morte
Tantas vezes sem sentido
Desbragadamente
Desprendido de tudo,
Pulando da ponte,
Dormindo com as putas,
Se afogando na maconha
E no álcool
Para mitigar um pouco
A dor
De não compreender
Tanta miséria
E desigualdade
Dançando ao som
Do maracatu em Rainha...
A vida vencerá, Chico,
A vida sempre vencerá,
Mesmo que um dia morramos.

Carlos Maia.

20/09/06