segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Maledicência e Preocupações.

Que extraordinária semelhança entre a maledicência
e a preocupação! Tanto uma, como outra, são o
produto da mente inquieta. A mente inquieta necessita
de variedade de expressões e ações, precisa estar
ocupada, ter sensações cada vez mais intensas,
interesses passageiros, e a maledicência contém todos
esses ingredientes de que a mente carece.

A maledicência é a verdadeira antítese do empenho
ardoroso. Falar de outrem, caçoando ou ultrajando,
é uma fuga de si mesmo, e a fuga é que é a
causa da inquietação. A fuga, por sua própria
natureza, é agitação.
O interesse nos assuntos alheios parece ocupar a
maioria das pessoas, e isso se expressa no gosto com
que lêem toda a sorte de revistas e jornais, com suas
colunas de mexericos, notícias de
assassínios, divórcios, etc.

Assim como nos preocupamos com o que os outros
pensam de nós, assim também temos muito interesse
em saber de tudo o que lhes diz respeito; e nascem daí,
as formas grosseiras e sutis de esnobismo e a
subserviência à autoridade. E tornamo-nos, então,
cada vez mais extrovertidos, e interiormente vazios.
E quanto mais extrovertidos, mais necessitamos de
sensações e distrações, resultando daí uma mente
sempre inquieta, incapaz de profunda
investigação e descobrimento.

"Comentários sobre o viver"

Krishnamurti (pg. 11)

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