quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cosmogonia - Jorge Luís Borges


Nem treva nem caos. A treva
Requer olhos que veem, como o som.
E o silêncio requer o ouvido,
O espelho, a forma que o povoa.
Nem o espaço nem o tempo. Nem sequer
Uma divindade que premedita
O silêncio anterior à primeira
Noite do tempo, que será infinita.
O grande rio de Heráclito o Escuro
Seu irrevogável curso não há empreendido,
Que do passado flui para o futuro,
Que do esquecimento flui para o esquecimento.
Algo que já padece. Algo que implora.
Depois a história universal. Agora.

(Tradução de Héctor Zanetti)

2 comentários:

Luna Freire disse...

Nossa!!! Para mim, é uma honra ter meu humilde poema figurando no meio de todas essas pérolas que vc publica sempre. Abraço.

Luciana Cavalcanti disse...

Borges é brilhante mesmo, Carlinhos!!! Poema lindo... fantástico conhecer...