A Domingos Alexandre
Morre o poeta.
Morre, com ele, toda a luz do mundo:
o espaço do seu rosto, o mar profundo,
a aurora e um pôr-do-sol escandaloso.
Morre o poeta e morre o Ocidente.
E o Oriente. E os pontos cardeais.
Morrem as estrelas. Morre o firmamento.
Morrem as sombras do pântano e o arvoredo,
todos os santos, todos os escribas,
os dias da semana, a quarta-feira.
E o próprio tempo, imóvel, que agoniza:
foi-se o olhar que no relógio via
a marcha, alegre e triste, dos ponteiros.
Morre o poeta.
Morre a alegria.
Morre tudo o que flui: morre a poesia.
Morre o poeta.
E morre o mundo inteiro.
Um comentário:
Belíssimo poema. Nos faz refletir.
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