quarta-feira, 23 de junho de 2010

Exílio - Luna Freire.


Primeiro, arremessaram-me um tiro ao peito.
Não morri.
O tiro, entretanto, permaneceu dentro de mim como uma pedra.

Então, tentaram arrancar-me a língua.
Não cedi.
Mas a pedra cresceu e fez montanha em minha alma.

Depois desistiram de mim.
E deixaram-me,
com minha língua,
meus olhos,
minhas mãos.

E criaram,
à minha volta,
um abismo de silêncio.

As palavras,
ignoradas,
subiram ao topo da montanha de pedra
em busca do céu ou do mar.
E não havia nada.

Foi quando entendi,
que já não precisariam arrancar-me a língua,
os olhos,
as mãos,
porque tiraram-me as estrelas que me guiavam
e nada que era meu tinha mais serventia.

3 comentários:

Anônimo disse...

E um poema desses tem uma serventia imensa. Nos traz mais luz e vida aos nossos dias aqui na terra. Do caralho. Desculpe . Mas é um poemaço. Daqueles que nos falta o fôlego e nos enche a alma de gozo e alegria. Valeu Dogma. Luna Freire é no toitiço. Nâo conhecia esse genial poeta. Abraços.
Domingos Duda Brama Sávio

Poeta Carlos Maia disse...

Obrigado, Duda. Só há uma pequena correção a fazer: é uma poetisa. Na realidade Luna Freire é o pseudônimo de Fabiana, que escreve o blog: http://palavraspontes.blogspot.com/
Dê uma navegada nele e vc vai confirmar que ela é uma pessoa maravilhosa!

Grande Abraço!

Anônimo disse...

Que mico do karai kkkkkkkkkkkkkkkkkk Mas compreensível. Fica impessoal e a tendência (machista) é masculinizar a poeta. Que continua sendo arretada e o poema do caralho mesmo. Vou lá conferir o blogue. Big abraço. Telefone anotado. Vamos ao Jabá. Com Guaraná.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk