quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Prece - Maria Esther Maciel.

 
Dê-me o esquecimento, meu pai.
Dê-me uma noite sem sombra
ou sobressalto, um sono inteiro
um instante sem rumor.
Dê-me teu silêncio, meu pai.
A solidez das pedras, o rigor das coisas
a solidão sem dor.

2 comentários:

Tadeu Rocha disse...

Carlos,

A foto que escolheste para ilustrar o poema (que por sinal é profundo) lembrou-me dois poemas de Drummond. Um deles segue abaixo:

ÁPORO
De Carlos Drummond de Andrade


Um inseto cava

cava sem alarme

perfurando a terra

sem achar escape.

Que fazer, exausto,

em país bloqueado,

enlace de noite

raiz e minério?

Eis que o labirinto

(oh razão, mistério)

presto se desata:

em verde, sozinha,

antieuclidiana,

uma orquídea forma-se.

Poeta Carlos Maia disse...

Belíssimo poema de Drummond, Tadeu!
Tá publicado!

Grande Abraço!