sábado, 10 de outubro de 2009

Nikos Kazantzakis.

Por uma só coisa anseio:
aprender o que se esconde atrás
dos fenômenos;
desvendar o mistério que me dá a vida
e a morte;
saber se uma presença invisível e imota
se esconde além do fluxo visível
e incessante do mundo.
Pergunto e torno a perguntar, golpeando o caos:
quem nos planta nessa terra
sem nos pedir licença?
Quem nos arranca da terra
sem nos pedir licença?
Sou uma criatura fraca e efêmera, feita de barro
e sonhos. Mas sinto em mim o turbilhonar
de todas as forças do Universo.
Antes de ser despedaçado, quero ter um instante
para abrir os olhos e ver.
Minha vida não tem outro objetivo.
Quero achar uma razão de viver, de suportar
o terrível espetáculo diário da doença,
da fealdade, da injustiça e da morte.
Vim de um lugar obscuro, o útero; vou para outro
lugar obscuro, a sepultura.
Uma força me atira para fora do abismo negro;
outra força me impele irresistivelmente
para dentro dele.

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