sexta-feira, 24 de julho de 2009

Levava uma vida descolorida
daquelas em que não se escurece
pois estes são os estados das cores
escuras, cinzas, pretas, ocres
só ganhava cor a cada 28 dias
em tons vermelhos de pura agonia

E na periferia de sua mente
totalmente mal construída de idéias
na qual não havia espaço para comédias
sarcasmos de brincar com a própria dor

Se utilizava do álcool como de uma camisa
na hora do frio vestia-se dele
para proteger-se de seu próprio inverno
das chuvas que fazia cair diariamente
regando todo o seu jardim de varanda

E dali olhava toda a imensidão vertical
que cortava todos os horizontes
deixando quadrados multicoloridos
que mudavam constantemente de cor
tanto quanto os pingos de sua chuva

Não aguentava mais tantas cores ocres
e decidira colori-la apenas uma vez
numa cor clara, barulhenta e quente
Morria com a cor de cada 28 dias.

João Adolfo Maciel Monteiro.

07/08/01.

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