domingo, 28 de março de 2010

Blindagem - Alberto da Cunha Melo.

Como súbitas garçonetes
que me servem pássaros vivos,
eu possuo poucas palavras,
mas todas elas submissas.

Não duvidem que sou capaz
de falar sobre Rilke ainda,
ou de localizar outro filho
de Deus, outra ressurreição.

Quem me ilumina é a perigosa
luz dos relâmpagos, e a voz
de meu poema tem um tempo
só: a duração do meu susto.

Dura apenas para contar
por alto as coisas que vislumbro:
um subtriste intercâmbio
de luz, que não fora notado.

Dura apenas para provar
que o mundo esconde alguma coisa:
Todos receiam a risada
dos outros, e amam em silêncio.

(In Quíntuplo)

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande Carlos,

Belo Poema.
Alberto para sempre.

Abraços do Arsenio

Poeta Carlos Maia disse...

Grande Arsênio!

Abraço Grande, mano!