segunda-feira, 15 de março de 2010

Poema de Natal - Vinícius de Moraes.


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —

Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

4 comentários:

Luciana Cavalcanti disse...

BELA ESCOLHA... ESTE POEMA DO VINÍCIUS!

XEROS, CARLINHOS!!!

Poeta Carlos Maia disse...

Xero, minha linda!
Quarta-Feira tô aí!

Anônimo disse...

Grande Carlos, você xará de Drummond, meu velho!!
Vê lá que responsa...
ABRAÇÃO

ARSENIO

PS - Vamos Marcar com Domingos. A gente tem muito papo pra colocar em pauta.

Poeta Carlos Maia disse...

Grande Arsênio!

Por mim eu gostaria que fosse na Sexta, aqui perto de casa, no Chucalho Grill. Temos muito a conversar sim, Arsênio, talvez umas duas ou três gerações desse tempo de falar...

Grande Abraço!!!