quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ácido na corrente elétrica - Parte III


 Imagem: Flickr

                   Jesus sempre foi o meu ídolo, teve uma vez num feriado de 07 de Setembro de 79 que fomos passar lá em Gaibú, eu e Tatá fomos os primeiros a chegar, passamos antes no pasto e pegamos um saco de cogumelo; então eu peguei 12 e coloquei em cima de uma toalha e disse: Eis os meus doze discípulos, agora vou devorá-los! Quando eu estava comendo chegou um pescador baixinho e pediu um pra experimentar, eu dei. Dois dias depois estávamos no bar do Pingüim comendo cogumelo novamente e esse pescador tava lá, aí Pingüim perguntou: Pra que é que vocês comem isso? Eu disse que era bom para o fígado, aí o pescador falou: Pro fígado coisa nenhuma, isso aí é pra uma coisa bem diferente!
                   Nessa viagem em que eu comi os doze cogumelos fiquei quase 72 horas viajando direto, eu não sei o que estava buscando, talvez conhecer qual era o meu limite, ou qual era o limite da minha loucura, ou talvez estivesse buscando a morte; eu sei que comecei a viagem na quarta de 2 horas da tarde e vim terminar na sexta de 10 horas da noite, foram 36 cogumelos que eu comi no decorrer da viagem, é bom que se diga, com apenas 04 você viaja 08 horas. Assim que bateu o tapa eu tava subindo a pedra, tava tocando “Avohai” de Zé Ramalho, não sei como não cai. Quando cheguei lá em cima não agüentei ficar em pé, deitei na pedra, quando olhei pra cima o céu tinha milhares de cogumelos feitos de papel celofane cor de rosa. Os cogumelos faziam Vum-Vum de um lado para o outro no céu. Veio uma energia lá de cima e atravessou meu plexo solar e foi pra terra, depois veio da terra atravessou novamente meu plexo solar e foi para o céu, foi uma espécie de orgasmo celestial.

                   Se tu não me deixaste morrer, Senhor, quando eu fui à Lençóis, em 1993, à 180 Km/h, e depois em todas as loucuras que eu fiz em Gaibú, cantando os pneus do Kadett à beira de precipícios; é porque tens alguma obra preparada para mim com certeza, meu Deus! Eu quero apenas dizer como São Francisco de Assis: “Fazei de mim um instrumento de tua paz!”.
                   Consegui um trabalho na prefeitura de Jaboatão, na secretaria de planejamento. Devo começar no início de junho. Sim, Dra. Valéria receitou Tofranil para minha depressão, numa dosagem muito pequena: 1 comprimido de 10 mg. por dia. Não está surtindo muito efeito.
                   Hoje é quarta-feira, 21/05/97, 1:38 h da madrugada, estou sem sono. Acabei de terminar uma proposta para a criação no Centro Eulâmpio Cordeiro, onde eu me trato, de um grupo de Dependentes Anônimos. Espero que seja aceita, a proposta está muito boa.
                   Devo esta semana começar a participar de um grupo de teatro lá na minha igreja. Parei de tomar o Tofranil, estava começando a ficar com insônia.
                   A vontade de me suicidar passou, graças a Deus. A vida coloca obstáculos na nossa frente, em que temos que ter paciência e perseverança para vencê-los. A minha vida sofreu uma reviravolta muito grande nos últimos 4 anos. Eu morava num apartamento com minha esposa e meus filhos, era o sócio-gerente de uma loja de ferragens. De repente o movimento na loja começou a cair, vendi a minha parte na sociedade e fui tentar montar um negócio em Maceió, foi quando entrei em crise e fui internado pela 4a vez, aí Lúcia não quis ir mais pra Maceió. Resumindo: em 4 anos saí de uma situação estável para uma altamente instável, estou morando novamente na casa da minha mãe, Lúcia e os meninos estão na casa da mãe dela; a gente não se separou, mas devido ao fator financeiro estamos em casas separadas.
                   O pior de tudo é vencer a desarrumação mental que fica depois de um furacão desses. A gente fica pensando que é incompetente, que não vai conseguir nada novamente, é um trabalho de Hércules vencer o nosso próprio ego ferido. Hoje eu sei que sou competente e que tenho valor, o salário da prefeitura de Jaboatão é pequeno; mas pra quem está há um ano e quatro meses sem trabalhar, qualquer coisa é válida. E eu estou estudando para o concurso do T.T.N.(Técnico do Tesouro Nacional), cujo salário é muito bom.
                   Gaibú, Gaibú...Como era linda aquela praia!
                   Um mar esmeralda-cristalino, com ondas perfeitas para o surf, umas poucas casas de veraneio, era em essência um vilarejo de pescadores, a areia branca intocada antes da aurora, aquelas ondas enormes rebentando; muitas vezes os golfinhos vinham até perto da arrebentação. Era um paraíso...
                   Quando íamos para lá em 79, levávamos apenas um cobertor, comida, e alguma roupa, dormíamos nos terraços... Deixávamos tudo lá, e saíamos para andar e só voltávamos à noite e ninguém mexia nas nossas coisas. Sempre que eu ia, levava a flauta doce e de noite tirava um som muito suave em cima da pedra. Gaibú na língua dos morubixabas quer dizer “pedra grande”.
                   Foi uma época inesquecível!...
                   Andávamos pelas ruas de Gaibú, com flores de Jasmim no cabelo, éramos de uma pureza pueril. O bar do pingüim, onde a rapaziada se reunia para fazer o rango. Aquele cheiro de terra molhada e maresia no ar...Os incríveis caminhos em que eu levava a rapaziada a andar, incrível eu quero dizer no sentido de inacreditável mesmo, como é que uma pessoa andava por um caminho que só tinha tiririca (um mato que corta), na realidade não existia nem caminho; andávamos no meio do mato mesmo, na altura do peito às vezes; eu só via o pessoal chiando: Carlinhos, que danado de caminho é esse? A essa altura eles já estavam longe e não podiam ou não queriam mais voltar, tinham também a curiosidade de saber aonde aquilo ia dar. Mas nessas andanças descobri lugares maravilhosos como a bica da borboleta azul, um corregozinho de águas cristalinas, cheio de piscinas naturais, que passava no meio da mata; e quando ficávamos parados em silêncio, após 5 minutos vinha uma enorme borboleta azul e ficava voando entre a gente.
                   Acabou, hoje Gaibú tá o maior crowd; aquela pureza que nós tínhamos também se perdeu, com a idade adulta, com as sacanagens do mundo; e até hoje eu ando em busca dessa pureza, de uma vida mais bela. Hei de um dia resgatar isso tudo, numa nova situação, com outros elementos, mas resgatarei.
                   Anteontem eu bebi novamente. Não fiquei embriagado, de jeito nenhum, mas bebi. Foi com Alberto, um vinho maravilhoso, o Boticceli, acompanhado de um sashimi de salmão que estava uma delícia. Fazia quatro meses que eu não bebia. A consciência não me acusou de nada, não acho que pequei. Ficamos conversando das 23 h até às 4 h da manhã. Foi uma conversa agradabilíssima, eu gosto de Alberto. Sei que corri um grande risco, se tivesse cocaína lá, eu teria cheirado, com certeza. E aí a história teria sido bem diferente. Eu não sei mais como lidar com a minha natureza. É dureza nos afastarmos das pessoas que amamos. Mas tem que ser, eu não posso me arriscar a ter outra crise.
                   Estou ouvindo “Caverna Mágica” de Andreas Vollenweider, é um som muito relaxante; faz-me pensar nas incríveis oportunidades que a vida nos oferece. A vida sempre procura uma maneira de sair vencedora. Temos que permear a nossa vida com muito amor. Agora eu encontrei um sentido pra minha vida: propagar tudo o que Jesus nos ensinou aqui na terra. O reino dos céus está dentro de cada um de nós. Eu tô sentindo uma alegria muito grande dentro de mim. Oh, Pai, eu quero poder ser útil a Ti! Ajuda-me nesta caminhada! Ajuda-me! Estou dizendo isto, mas eu sei o quanto Tu tens me ajudado; sem Ti eu não conseguiria nada! Nada!
                   O budismo fala que isto aqui é o grande reino Maya, reino das ilusões, e às vezes eu tenho uma percepção muito forte disto. Às vezes eu procuro uma âncora para jogar, é como se eu estivesse navegando nesta dimensão e procurasse alguma coisa real em que pudesse me agarrar e não encontro; faço os atos normais do cotidiano, mas é como se eu estivesse fazendo um grande teatro, sabendo que a peça principal não é esta aqui. 
                   Eu acho que o que estava me fazendo mal era a falta de exercício, hoje eu andei 11 km., estou me sentindo bem melhor.
                   O mundo espiritual e o mundo material, que ligações estranhas existem entre os dois. Tudo acontece primeiro no mundo espiritual e depois então se concretiza no material. Que batalhas são travadas no mundo espiritual! Que lutas ferrenhas! E que armas dispomos para lutar? Oração, andar segundo os caminhos de Deus, e a principal de todas as armas: Jesus... Jesus...Ele já pagou o preço pela nossa redenção. Quer dizer, quando aceitamos Jesus como nosso salvador, acontece a salvação do espírito, a salvação do corpo vai acontecer quando ressuscitarmos com Cristo, então ganharemos um novo corpo, um corpo celestial; agora, a salvação da alma se processa no decorrer de toda a nossa vida, com a contraposição da carne ao espírito e com todas as situações que a vida nos depara. É por isso que na Bíblia fala: “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo!”
                   É claro, tudo o que eu falei é uma questão de fé! Tudo se situa no terreno puramente subjetivo. Eu particularmente creio, respeito contudo quem não crê. Mas como explicar determinadas coisas, o início do universo, o Big Bang, a explosão inicial de onde da energia foi gerada toda a matéria do cosmo, que os cientistas calculam ter acontecido há 16 bilhões e 500 milhões de anos. Como explicar? A própria natureza, com a sua variedade incrível de formas, cores, cheiros, paladares e sons. A incrível harmonia e interdependência de todos os seres vivos do planeta. Como explicar? Como explicar um sistema tão perfeito?...
                   Sei que estou vivendo um momento muito difícil na minha vida, mas eu não vou abandonar o Senhor, é Ele quem me tem dado forças para vencer esta provação. O Senhor, a quem eu sirvo, me dará a vitória!
                   Pai, eu te amo! Eu te amo!
                   Pai...Ajuda-Me, me ajuda nesta caminhada, me ajuda a trilhar a senda!
                   Pela manhã te buscarei /   De madrugada / Eu me acercarei
                   A Ti...
                   Minha alma te anela
                   E te deseja
                   Para ver tua glória
                   E o teu poder
                   Meu socorro és Tu Senhor!
                   E na sombra de tuas asas
                   eu me achegarei,
                   Minha alma está
                   Apegada a Ti,
                   Porque tua destra
                   Tem-me sustentado! “Temprano yo te buscare” – Marcos Witt
                   Na realidade não tem nada de incrível acontecendo na minha vida. O que eu estou vivendo na verdade é um marasmo muito grande. Não tenho nenhum curso superior em que eu possa me capacitar para o mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente; o que aconteceu foi eu ficar distribuindo currículo adoidado por aí em vão. O emprego lá na prefeitura de Jaboatão tá demorando a sair, já faz três meses em que eu fui lá pela primeira vez e nada de sair a portaria da nomeação. Talvez a única porta que eu vejo na minha frente seja esse dinheiro da Sta. Rita. Eu acho que vou comprar um Buggy com ele, e fazer passeios turísticos no hotel Caesar Park lá em Suape.
                   Não vou ficar parado! Vou lutar contra essa maré negra que se abateu na minha vida; hei de encontrar uma saída! Vou continuar estudando para o concurso do T.T.N., agora disponho de bastante tempo para me preparar, pois ele só vai ser realizado o ano que vem. É que às vezes me dá uma angústia por estar há tanto tempo sem trabalhar, 1 ano e 5 meses já.
                   Bom, mas vamos em frente, a vida não é só feita de momentos bons; temos que ter estômago pra agüentar as lapadas que ela também dá.
                   16/11/97 – Hoje fiz 15 anos de vida em comum com Lúcia. Eu não gosto muito de comemorar a nossa data de casamento, pra mim foi uma mera formalidade, o importante pra mim foi o dia em que a gente começou a namorar. Desde então a gente não se largou mais. Houve brigas nesses 15 anos, mas qual o casal que nunca brigou? Eu tenho a certeza que as dificuldades serviram para amadurecer o nosso relacionamento, e na superação delas, demonstrar o quanto nos amamos.
                   Não sei mais se abra algum negócio com o dinheiro da Sta. Rita, tem tanta loja fechando na cidade, neste ano de 1997, que eu acho mais prudente comprar algum repasse de apartamento; ou então guardar este dinheiro e esperar pela venda do apartamento de mamãe em Piedade, em que ela vai me dar uma parte para eu comprar um apartamento para mim e também um dinheiro que a loja ficou me devendo. Aí eu acho que juntando tudo mais o dinheiro do terreno de Barra de Jangada dá pra abrir uma pousada lá em Lençóis! Se Deus quiser!
                   Abriu-se mais uma página inteirinha pra eu escrever, a tecnologia é uma coisa fantástica, como a máquina de escrever virou um objeto de museu em tão pouco tempo! Pena que uma parcela considerável da população não tem acesso nem à comida, quanto mais à tecnologia... É muito dura a realidade em que vivemos. O que nós podemos fazer para mudá-la? Pergunto-me constantemente, e o sentimento que me vem quando faço esta pergunta é de impotência diante do poder econômico.
                   Bem, façamos o que está ao nosso alcance: um prato de comida, uma roupa velha, uma esmola, isto nós não podemos negar. Mas é pouco, muito pouco, eu quero fazer mais por essa gente, não sei ainda o quê, também agora desempregado fica difícil, mas deixa as coisas clarearem mais, que eu vou ver de que forma eu posso ajudar mais. Eu tava pensando em fazer como uma colega de trabalho de Duda, um primo meu, um sopão uma vez por semana e sair distribuindo na cidade. Junto com a sopa, a palavra de Deus. O pão para o corpo e o pão da vida, Jesus, para o espírito.
                   Pequenos atos, tomando corpo na sociedade irão gerar uma mudança palpável. Foi assim na campanha de solidariedade de Betinho. Não podemos deixar essa peteca cair.
                   Pai, eu não sei a forma que tu queres me usar, tu és insondável, eu me entrego completamente a ti, usa-me da forma que quiseres, essa é a minha oração.
                   10/01/98 – Começamos a distribuir o sopão pela primeira vez ontem. Foi uma experiência muito gratificante. Temos que nos engajar agora numa verdadeira batalha espiritual, através da oração, para ganharmos vidas para Cristo. É este o nosso objetivo maior: ganhar vidas para Cristo. É claro que o alimento é importante, mas não é o principal. O principal é a alma. No evangelho de Mateus Jesus disse: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus, e todas as outras coisas vos serão dadas por acréscimo”.
                   Avohai! Avohai! Eu acho que essa música vai ficar gravada pra sempre no meu cerebelo, Chão de Giz também...
                   Meu filho Biel, sentado no birô me olhando escrever este livro, meu filho Biel, meu filho, meu filho, só quem é Pai é que conhece a força e o amor que tem estas duas palavras: meu filho, meu filho...
                   21/02/98 – Dia 26 próximo vai fazer 5 meses que eu bebi pela última vez, de lá pra cá não tenho sentido mais a mínima vontade nem de beber nem de cheirar, fui completamente liberto, graças a Deus. Como é difícil o caminho com Jesus, eu às vezes penso que não vou conseguir. Eu estou tendo muita dificuldade para me santificar, não desejar as mulheres que passam pela rua, ou seja: não adulterar em pensamento, puxa vida, como essa área está sendo difícil para mim. Eu não vou desistir, mesmo com todas as dificuldades vou perseverar. Assim como eu tive vitória nessa área da bebida e da coca, tenho certeza de que Deus vai me ajudar nessa outra área também.
                   Sei que posso contar com a ajuda dos irmãos, compartilhar com eles as minhas dificuldades, dessa forma o caminho fica mais fácil de ser trilhado. Tem um ponto importante nisso tudo: Nós temos que fazer a nossa parte. Tem um outro ponto mais importante ainda que esse: Não conseguiremos sem a ajuda de Jesus!
                   11/04/98 – Desde Novembro do ano passado que Lúcia e os meninos estão morando comigo novamente, aqui na casa de mamãe. Não é nunca como a gente estar no nosso cantinho, mas está sendo bem melhor que antes.
                   02/05/98 – Passei na primeira fase do concurso da Assembléia Legislativa, uma batalha foi ganha, mas não a guerra ainda, falta agora a prova de redação. Vou lutar para conseguir passar. Não no mesmo ritmo em que eu vinha estudando, mais de 10 h por dia. Houve dia em que eu estudei 13 horas e meia. Isso esgota qualquer um. Errei 6 questões na prova, que eu sabia, simplesmente por cansaço mental. Bom, mas isso não vem ao caso agora, o que importa é que eu passei nessa fase.
                   07/02/98 – Hoje fomos à granja. Foi um dia ótimo, muito relaxante, apesar de termos andado bastante por lá, pelo meio da mata, subimos montanhas, tomamos banho de rio, foi muito bom. E à noite ficamos ainda um tempo por lá admirando a lua e as estrelas. Era justamente o que eu estava precisando para recuperar as energias. Tinha uma orquídea florida. Até conjeturamos sobre a possibilidade de comprarmos mais espécies de épocas de floração diferentes, para que tivéssemos em cada mês do ano pelo menos algumas orquídeas com flores.
        Sempre estamos em busca de mais. Eu quero dizer como o salmista Davi: “Aquieta-te minha alma, aquieta-te!”, mas como é difícil nós aquietarmos a nossa alma! É como tentar segurar o vento com as mãos. Temos que tentar. Tentar até conseguir. É o exercício da perseverança. “O reino de Deus é tomado por esforço!”.
                               05/07/98 – Ah! Computador você é meu confidente, é a você que eu falo nas minhas madrugadas insones, e a música que de você emana acalma a minha alma. Que tempo é esse que nós estamos vivendo, que tempo é esse meu Deus? Mulheres e crianças sendo estupradas dentro do ônibus. Aonde nós iremos chegar? Eu acho que o tempo da volta de Jesus está muito próximo, todas as profecias estão se cumprindo: a volta de Israel como nação, a reconstrução do templo de Salomão em Jerusalém e muitos outros sinais que estão se confirmando. E com certeza eu não sou Jesus. Graças a Deus passou essa piração, mas eu sinto que a volta do Mestre está muito próxima. O tempo está conturbado demais.
                   12/07/98. Hoje Rosivaldo, o Pastor da nossa igreja, fez uma pregação fantástica sobre a importância de sermos apaixonados pelas coisas do reino de Deus, mergulharmos de cabeça na obra, termos paixão ao fazermos o evangelismo; não dá pra traduzir em poucas palavras um sermão de quase 2 horas; mas foi muito bom.
                   A cada dia que passa eu gosto mais de conhecer pessoas, fazer novas amizades, trocar idéias. Agora apesar das amizades, de eu não me sentir sozinho, um pensamento que me veio de uma forma muito clara quando eu tinha apenas treze anos: é que nós somos infinitamente sós. Eu digo isso no sentido de que é muito difícil, eu diria quase impossível, uma pessoa perceber completamente a outra em sua essência. O máximo que conseguimos é lançar pontes em direção ao próximo, pontes...
                   01/09/98 – Sim, me esqueci de dizer: Não passei na segunda fase do concurso da Assembléia, levei ponto de corte por causa de quatro décimos. Já estou na 3a apostila do concurso do T.T.N.(são 9), mas eu acho que daqui para a prova vai dar pra ver o programa todo, se Deus quiser.
                   14/09/98 – Hoje o Senhor abriu uma porta de emprego pra mim, vou trabalhar com vendas de aparelhos de eletrocardiograma, tecnologia russa-cubana, ele já emite o eletrocardiograma com o laudo dizendo o que é que a pessoa tem. Vou passar por uma fase de treinamento de 15 dias, depois eu saio em campo para vender.
                   17/09/98 – Hoje comecei a ensinar meu filho Lucas, de 5 anos, a jogar xadrez.
                   Imagens...Imagens...Há cerca de uns três anos, tudo o que vinha à minha mente eram imagens, uma atrás da outra, imagens belas do planeta em que vivemos. Eu passava pelas paisagens e as imagens ficavam na memória. Uma mata com vários Ipês roxos e amarelos floridos, um pasto verdejante dourado pelo pôr-do-sol, toda a exuberância de um Flamboyant florido, o mar com a sua imensidão...A minha mente era um receptor que processava todas essas imagens numa velocidade espantosa; parecia que eu estava aqui só para saboreá-las. Elas tomavam conta da minha mente e me absorviam por completo, apesar de tudo se mostrar muito irreal, era extremamente belo.

2 comentários:

Edson Marques disse...

Pois, é, Carlos Maia: estou aqui, te lendo. Tudo por causa das flores do Leminski e do deus Acaso...
Boticceli com salmão, o Biel, a Lúcia,a mãe, a loja: imagens boas. Falta justificar o dia 05/07/98. E a pousada, existe?
Tem dias que a gente vai jogar a âncora e vê que nem tem barco.

Se o texto fosse recente eu diria: troque o Tofranil por cogumelo... rs!

Gostei.

Abraços flores estrelas nesta madrugada linda.

Poeta Carlos Maia disse...

Bom, Edson, antes de mais nada, obrigado pela visita!
Só não entendi o que eu falto justificar no dia 05/07/98. A pousada só funcionou por 3 meses, não existe mais, infelizmente.
Gostaria muito de conhecer a sua poesia.

Abraços!