quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Pétala - Gildo Wichers Lopes.


Um dia,
Um sonho,
Um enorme sonho dourado
Murchou dentro da alma.

Ele tinha a forma
De um castelo encantado
E brilhante
Como as auroras dos céus
Sem poluição
E reluzente
Como os ocasos
Acima das nuvens.

E era visitado
Freqüentemente,
Fervorosamente,
Apaixonadamente
E ia criando raízes
De dentro para fora
À medida que ia concretizando
A sua magnífica
Realidade.

Imponente,
Ele abria suas janelas
Translúcidas
Para o infinito desejado.
Suas portas
Deixavam passar
Os zéfiros da esperança
E rasgavam espaços aconchegantes.

Ele era visitado todos os dias.
E todos os dias
Um buquê de rosas
Perfumava os seus ambientes
Exalando o seu perfume
E impregnando os lugares
Mais recônditos
E mais inacessíveis.
E todos os dias,
As rosas eram trocadas.
Não era possível distinguir
Onde começava a realidade
Ou onde terminava o sonho
Mas quem quer faz a sua
Hora, os seus sonhos e os seus perfumes
Contudo, eles desmoronam
Como caem as pétalas do buquê
E meu sonho desmoronou.

E eu olhava para ele
Com a alma debulhada
Em prantos
E com os olhos desmanchando-se
Em lágrimas.
E o punhal do sofrimento enterrou-se
Fundo no meu coração
-Troque seus sonhos,
Como você trocava as suas rosas.
Foi o que eu ouvi.
De onde partia aquele conselho,
Aquele conforto,
Em hora tão dolorida?

 Olhei e vi,
Encostada na esquina de um meio-fio,
Uma linda pétala
Cor-de-rosa.

Olhou-me.
Olhei-a.

E ela repetiu:
Troque de sonhos,
Como trocava as suas rosas.

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