sábado, 17 de julho de 2010

O Limite Diáfano - Sebastião Alba


Movo-me nos bastidores da poesia,
e coro se de leve a escuto.
Mas o pão de cada dia
à noite está consumido,
e a alvorada seguinte
banha as suas escórias.
Palco só o da minha morte,
se no leito!,
com seu asseio sem derrame...
O lado para que durmo
é um limite diáfano:
aí os versos espigam.
Isso me basta. Acordo
antes que a seara amadureça
e na extensão pairem,
de Van Gogh, os corvos.


Sebastião Alba, nasceu em Braga, Portugal em 1940. Após viajar para Moçambique, passou a conviver com um importante grupo de escritores e intelectuais. Foi jornalista, guerrilheiro político, e teve uma vida bastante agitada e cheia de desilusões, com passagens por prisões e hospitais psiquiátricos. Alba passa com o tempo a viver como andarilho, acabando por morar na rua e morrendo atropelado por um motorista em Braga sua terra natal.

"um dos grandiosos deuses humildes da palavra", foi como se referiu a ele José Craveirinha, considerado o maior poeta africano e primeiro escritor moçambicano a ganhar o Prêmio Camões de Literatura. (fonte site o poema:http://www.culturapara.art.br/opoema/opoema.htm)

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