Mais coisas sobre nós mesmos nos ensina a terra
que todos os livros.
Porque nos oferece resistência.
Ao se medir com um obstáculo o homem aprende
a se conhecer; para superá-lo, entretanto,
ele precisa de ferramenta.
Uma plaina, uma charrua.
O camponês, em sua labuta, vai arrancando
lentamente alguns segredos à natureza;
e a verdade que ele obtém é universal.
Assim o avião, ferramenta das linhas aéreas,
envolve o homem em todos os velhos problemas.
Trago sempre nos olhos a imagem
de minha primeira noite de vôo,
na Argentina - uma noite escura onde
apenas cintilavam, como estrelas,
pequenas luzes perdidas na planície.
Cada uma dessas luzes marcava,
no oceano da escuridão,
o milagre de uma consciência.
Sob aquele teto alguém lia, ou meditava,
ou fazia confidências.
Naquela outra casa alguém sondava o espaço
ou se consumia em cálculos
sobre a nebulosa de Andrômeda.
Mais além seria, talvez, a hora do amor.
De longe em longe brilhavam esses
fogos no campo,
como que pedindo sustento.
Até os mais discretos: o do poeta,
o do professor, o do carpinteiro.
Mas entre essas estrelas vivas,
tantas janelas fechadas,
tantas estrelas extintas,
tantos homens adormecidos...
É preciso a gente tentar se reunir.
É preciso a gente fazer um esforço para
se comunicar com algumas dessas luzes
que brilham, de longe em longe,
ao longo da planura.
(pg. 02)
que todos os livros.
Porque nos oferece resistência.
Ao se medir com um obstáculo o homem aprende
a se conhecer; para superá-lo, entretanto,
ele precisa de ferramenta.
Uma plaina, uma charrua.
O camponês, em sua labuta, vai arrancando
lentamente alguns segredos à natureza;
e a verdade que ele obtém é universal.
Assim o avião, ferramenta das linhas aéreas,
envolve o homem em todos os velhos problemas.
Trago sempre nos olhos a imagem
de minha primeira noite de vôo,
na Argentina - uma noite escura onde
apenas cintilavam, como estrelas,
pequenas luzes perdidas na planície.
Cada uma dessas luzes marcava,
no oceano da escuridão,
o milagre de uma consciência.
Sob aquele teto alguém lia, ou meditava,
ou fazia confidências.
Naquela outra casa alguém sondava o espaço
ou se consumia em cálculos
sobre a nebulosa de Andrômeda.
Mais além seria, talvez, a hora do amor.
De longe em longe brilhavam esses
fogos no campo,
como que pedindo sustento.
Até os mais discretos: o do poeta,
o do professor, o do carpinteiro.
Mas entre essas estrelas vivas,
tantas janelas fechadas,
tantas estrelas extintas,
tantos homens adormecidos...
É preciso a gente tentar se reunir.
É preciso a gente fazer um esforço para
se comunicar com algumas dessas luzes
que brilham, de longe em longe,
ao longo da planura.
(pg. 02)
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