terça-feira, 20 de julho de 2010


Havia noites em que
A porta ficava aberta,
E podíamos vislumbrar
Na penumbra
A cidade mergulhada na neblina.
Havia noites em que
A porta aberta
Saíamos na chuva
Pelas ladeiras de Olinda.
Havia noites
Em que a tristeza
Era uma mera
Lembrança,
Perdida
Nos confins da infância,
Entre mangueiras
E atiradeiras.
Havia noites
Em que pairava
Como uma gaivota,
A eternidade do momento.

Carlos Maia
Maio/84

3 comentários:

Tadeu Rocha disse...

Obrigado pela oportunidade de poder ler seus versos. Sou sinceramente grato. Até poema em parceria com o Domingos! Foi uma grata surpresa. Outro ponto legal, foi ver vc abordar o grito. Adoro o grito. Meu primeiro livro se chama Grito. O mundo precisa sentir o impacto de um tsunami de gritos poéticos. E não querendo abusar de sua generosidade, o amigo permite publicar alguns de seus poemas no meu blog? Fique a vontade para recusar. Valeu Poeta!!!

Tadeu Rocha disse...

Segue um poema meu.


A REVOLUÇÃO DO GRITO
Por Tadeu Rocha

O grito
Tantas vezes engolido
Tantas vezes abortado
Hoje é nascido
Filho de vidas represadas
De dores contidas
De uma liberdade perdida

O grito da minha lâmina
Soa indignação
Soa revolta
Soa furacão
Dança das lâminas

Lâminas de grito
Cortam o silêncio
Cortam a indiferença
Dividem os receios
Com múltiplos cortes
Multiplicando os anseios

A lâmina do meu grito
Uniu-se às lâminas de outros gritos
Gerando novas lâminas de grito
E o grito de todas as lâminas
Uniu um povo desunido
Unido pelo grito
Pela raiz do grito
E pelo corte da lâmina

Poeta Carlos Maia disse...

É claro que eu permito, Tadeu, fique a vontade para publicar o que vc quiser!
E obrigado pelo poema!